sábado, março 31, 2007

Nietzche


"Que parte de nós tende para a verdade"
As palavras são para Nietzche, sons sensíveis. O entendimento não se faz apenas pelo mero emprego de palavras. É necessário, segundo ele, buscar afinação. Como soam as frases? Elas vêm da garganta ou do ventre? E, depende do quanto nós, consciente ou inconscientemente, nos identificamos com esses sons. De como usamos nossos instrumentos e, a capacidade de escutar melodias que revelem nossa verdade.
Jugioli.

segunda-feira, março 12, 2007

Jean Baudrillard


"O que é a verdade?

- "Simulacros" - a percepção de tudo o que parece " realidade", mas da qual não podemos dizer onde está a diferença entre " representação" e " o que é representado"

Fotografia: Jean Baudrillard

sexta-feira, março 09, 2007

O princípio Ético

Arte poética


A poesia não me pede propriamente uma especialização, pois a sua arte é uma arte do ser. Também não é tempo ou trabalho o que o que a poesia me pede. Nem me pede uma ciência nem uma estética nem uma teoria. Pede-me antes a inteireza do meu ser, uma consciência mais funda do que a minha inteligência, uma fidelidade mais pura do que aquela que eu posso controlar. Pede-me uma intransigência sem lacuna. Pede-me que arranque da minha vida que se quebra, gasta, corrompe e dilui como uma túnica sem costura. Pede-me que viva atenta como uma antena, pede-me que viva sempre, que nunca me esqueça. Pede-me uma obstinação sem tréguas, densa e compacta.

Pois a poesia é a minha explicação com o universo, a minha convivência com as coisas, a minha participação no real, o meu encontro com as vozes e as imagens. Por isso o poema não fala de uma vida real, mas sim duma vida concreta: ângulo da janela, ressonância das ruas, das cidades e dos quartos, sombra dos muros, aparição dos rostos, silêncio, distância e brilho das estrelas, respiração da noite, perfume da tília e do orégão.

É esta relação com o universo que define o poema com poema, como obra de criação poética. Quando há apenas relação com uma matéria há apenas artesanato.

É o artesanato que pede especialização, ciência, trabalho, tempo e uma estética. Todo poeta, todo o artista é artesão de uma linguagem. Mas o artesanato das artes poéticas não nasce de si mesmo, isto é, da relação com uma matéria, como nas artes artesanais.

O artesanato das artes poéticas nasce da própria poesia, à qual está consubstancialmente unido. Se um poeta diz: “obscuro”, “amplo”, “barco”. “ pedra” é porque estas palavras nomeiam a sua visão do mundo, a sua ligação com as coisas. Não foram escolhidas esteticamente pela sua beleza, foram escolhidas pela sua realidade, pela sua necessidade, pelo seu poder poético de estabelecer uma aliança. E é da obstinação sem tréguas que a poesia exige que nasce o “obstinado rigor” do poema.

O verso é denso, tenso como um arco, exactamente dito, porque os dias foram densos, tensos como arcos, exactamente vividos.

O equilíbrio das palavras entre si é o equilíbrio dos momentos entre si. E no quadro sensível do poema vejo para onde vou, reconheço o meu caminho, o meu reino, a minha vida.

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Sophia de Mello Breyner Andresen

In: Geografia. Lisboa, Salamandra, 1990.
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A cultura do excesso

Hoje, quando ouvimos falar de modernidade, sabemos que o termo anda ultrapassado. Porque modernidade passou a ser símbolo de “hipomodernidade”, tema pesquisado pelo ensaísta Gilles Lipovestsky, ao dizer que a sociedade contemporânea vive a “cultura do excesso”; a cultura da inovação a todo custo; as mídias se tornando cada vez mais radicais, trazendo o sentimento paradoxal: “ – não basta ser moderno, é preciso ser mais moderno que a modernidade; é preciso ser mais jovem que o jovem; é preciso estar mais na moda que a própria moda...
Assim, tudo anda se tornando “hiper”: - hipermercado, hipercapitalismo, hipertexto, hiperclasse, hiperterorrismo e etc.... E, nas artes plásticas? Ela, que não foge dessa cultura do excesso como lei pragmática promovendo por seu lado as “hiperinstalações”, as hiperintensidades, os hiper delírios e as hipereuforias.

Sabemos que o grande problema desta “hipermodernidade” na arte, além da sua disfuncionabilidade, expõe a fragilização dos indivíduos, e a morte da arte em seus significados mais simbólicos. E, ao fabricar consumidores e observadores passivos, gera grandes déficits existenciais, que ao meu ver levam as experiências decaírem em em valor.

Será a prevalência do Tédio? Onde tudo precisa ser consumido na vaidade do hiper?


Jugioli